quinta-feira, 23 de outubro de 2014

sobre gregorio duvivier ter sido um pouco caio f abreu



"cade meu celular, eu disse, você disse em nenhum lugar esquece dele mas eu sabia que ele tava em algum lugar então eu disse tá sim, você tirou debaixo da almofada e me deu, eu não queria pega-lo e sim deixar em cima do livro porque combina, o que, você disse, e eu disse que combina com o livro, você riu e deve ter imaginado que eu pensei que fazia um conjunto bonito pra uma foto o instagram e errou, mas o livro está na minha cabeça tanto quanto uma metralhadora de palavras soltas carregadas com mais sentimento que qualquer coisa, um amontoado de letras que me fazem pensar em tudo ao mesmo tempo e me tiram qualquer dificuldade pra falar porque é assim, só abrir a boca, independente da capa."
maio/2014
com fernando

sábado, 13 de setembro de 2014

Pra viver com

algumas roupas de tons pretos-brancos-marrons-cinzas e jeans. E cabelo da cor que nasceu no mundo. E o sol. Pra viver com as plantas. E pintar os animais e as pessoas. Pra amar fotografias da pele dos corpos nus, o Miguel Rio Branco e a Nan Goldin. Pelos filmes franceses. E as flores. Pra viver amando as pessoas e algumas composições agradáveis aos olhos. E a rádio mundial. Pela intensidade em si, aliás. Pelas unhas nude ou rosa, assim como o batom. Pra amar camadas de tinta a óleo bagunçadas e por ter medo de deixar de me ser ou de me serem mais que eu mesma, que louca, paro com isso agora nesse texto mesmo. Só nude, aliás, batom rosa não dá.  As vezes vinho. Isso em dias de maquiagem, pois muito pela cara lavada. Pelos cães de pelo bagunçado e tatuagens de linhas pretas, sabe? E chás. E dormir que isso é muito gostoso. Por mim. Eu.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Sempre sobrarei eu com tanto sentimento e saudades e vontades das pessoas mas elas só nas suas próprias vidas porque é assim que as coisas vão, aparentemente sem tempo pro que me é tão valorizado, tanto contato e troca? Todos por aí, tantos vocês pelos quais sinto e eu na minha vida querendo as pessoas amadas perto, comigo, palavras, abraços, risadas, comentários e choradeira ocasional. Constância!
Para mim esse tipo de vida normal e de-vez-enquandinho-quando-der-um-oi-tudo-bem tem toque de pedaço arrancado, falta que eu tenho que fingir que não porque pros outros não e me perguntando se é normal mesmo o amor ser distante e eu exagerada, vai ver - aliás essa é a primeira hipótese que levanto sempre afinal "não é possível". Tudo está bem mas sinto falta de um você aqui, dele lá, do outro no outro dia e todo mundo na vida em grande acontecimento constante sem a preocupação da perda ou a dor do sumiço. Só a constância!
Ao menos me reconheço e me vejo como que através de uma lupa com um texto desses: sempre serei muito. E sempre vou preferir esse caminho, ué, faço minha parte.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre opiniões supostamente revolucionárias que talvez estejam revolucionando pro lado errado

Estive me perguntando sobre o que vale mais: meter os filhos desde pequenos numa escola integral e trabalhar, ter seu próprio dinheiro e ser uma mulher livre do pesadelo do machismo ou me ausentar do tal trabalho (fator ignorantemente considerado tão, tão importante) e criar meus filhos com o meu próprio amor, meus ensinamentos e cuidados, minha proximidade e respaldo.
 Há pelo menos cinco minutos optaria pela primeira opção - "quero ser uma mulher independente e bem resolvida, com meu próprio trabalho e meu próprio dinheiro".
 Agora, cinco minutos depois, vejo que bem resolvida e feliz serei mesmo ao mandar o trabalho temporariamente pro espaço e acompanhar de perto o desenvolvimento de novos seres humanos que trarei ao mundo - se deve haver uma revolução, que a mesma comece de dentro da minha casa. Quero ter certeza de que cresçam com meus laços e abraços, quero passar para eles tudo o que hoje sei e do muito que ainda vou aprender.
 Feminismo não deveria ser sobre a mulher (deixando claro que eu odeio isso de A MULHER, O HOMEM... e o próprio termo "feminismo" me trava por isso, me parece contraditório e não consigo ver de outro jeito por hora) fazer as suas escolhas com base nos seus próprios valores e sentimentos, suas próprias noções e intuições de certo e errado e não sobre necessariamente ser uma pessoa de negócios e financeiramente independente? Será que optar por acompanhar de perto as sementes que plantou no mundo crescerem seja mesmo esse tão temido machismo?
 Acho que não. Pra mim, é opção de mulher bem resolvida que não só se importa com seus sentimentos e prioridades como se preocupa com o mundo que ajuda a criar todos os dias. Parar de ter como fato (olha o preconceito dentro do antipreconceito, mais uma vez) o que um dia possa ter acontecido e enxergar além disso... não é nenhuma fraqueza dedicar alguns anos da sua vida ao desenvolvimento de um novo ser humano. Aliás, fraqueza mesmo é trocar tudo isso por uns trocados.
Esse texto é por menos crianças deixadas de lado e mulheres obcecadas por ganharem dinheiro achando que por a carreira acima de tudo é necessariamente uma atitude de poder feminino (um grande erro, ao meu ver, visto que o tal feminismo - ou revolução de si mesmo, assim não fica voltado pra nenhum gênero -  devem vir de dentro e não de regras ditadas por espertões) e mais mães que sejam mães.
E que o modelo de inspiração da sua filha seja você, e não a Beyoncé.
Por fim, que sejamos a nossa própria base...

Muito obrigada, Veronica!



Meu ps: Isso não foi uma crítica ao feminismo. Mas digo que tenho preguiça desse termo, acho que ficar batendo na tecla de mulher mulher mulher é desnecessario - ficar pondo genero e, sei lá, nome de movimento no meio de tudo pra que? Porque só não segue o que acha sem ter que ler uma lista de regras e se basear naquilo pro resto da vida? Ultimamente tenho medo de postar qualquer coisa que penso, ainda que tenha essa necessidade enorme por algum motivo que to querendo descobrir e matar, porque as pessoas entendem tão como querem. A gente nunca passa exatamente o que guardamos dentro. Enfim, agradeço por ser desprendida de termos e movimentos e regras da revolução e bláblá. Cada um faz sua própria, cada um é uma coisa, não é?

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sem dormir direito há dias

 (Um dia no carro eu pensei sobre uma ovelha de madeira e disse pra mim mesma "você está pensando nisso agora e vivendo esse momento presente" e anos depois o momento ainda existe e eu estou no carro e aqui na cama desse hotel de pedra no meio do interior da Toscana, com a imagem da ovelha de madeira na cabeça.)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

 As vezes a vida nos dá pequenos fragmentos que nos fazem lembrar o quão vasto, gigante, infinito é o que há dentro de cada pessoa. Isso aconteceu agora, quando li uma poesia do meu avô compartilhada pela minha tia e parei pra pensar no quanto existe em cada um deles e eu desconheço.
Queria conhecer mais de tantas pessoas queridas - sentimentos e histórias e memórias - porque a vastidão que existe é incompreensível e inalcançável para quem está por fora e isso é o que faz as coisas serem extraordinárias, ainda que misteriosas, e terem um sentido. Aquele sentido.
 Parece um desperdício o pouco que conheço de alguns, mal sabem o quanto são importantes pra mim e como, ao menos daqui dos meus olhos e coração, cada pedaço de tudo é tão surpreendente. Não tenho intenção de fazer um texto bom ou bem elaborado, ainda mais em prantos, mas queria registrar esse meu pensamento/sentimento forte que agora veio à tona.
 Gostaria de me doar mais e ouvir mais, perguntar mais, ser e observar quando são. Absorver o belo que há e todo aquele mutirão de sentimentos que advem de cada íntimo. Eu tenho tantos. Que isso sempre me lembre de valorizar o que há de mais intenso em cada um, me lembre de ser eu mesma e deixar meus sentimentos reais fluírem sem travas ou grandes censuras. Que consigamos ultrapassar os limites físicos do socialmente esperado e comum, porque isso é o que há de mais superficial e eu não quero dar mais disso pro mundo, mesmo.
 À vida,  à genuinidade, aos sentimentos e à mistura de tudo o que há de mais importante lá dentro de todo indivíduo. Tudo o que existe.

Numa cálida noite de verão
Em que o céu era um bloco de granito
Olhando o escuro manto do infinito
Vi trêmulo uma linda procissão

Era um desfile astral raro e bonito
Que desfilando em majestoso rito
Passou pela noturna solidão

E foi seguindo pelo espaço afora
Levando ao centro um astro que apagado
Não tinha o brilho que tivera outrora

E de repente então eu pude compreendê-las
Pois indo ao centro um astro carregado
Era o desfile um funeral de estrelas


E, como disse minha tia, me auto concedendo a licença de quotar uma pessoa que não sabe que está sendo quotada:
"Em memória dos velhos tempos de poesia, enquanto ainda há memórias. Adeus."



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Diz que "é uma cidade"

Cara,
você se acha.
Não queira se achar estrela
antes de realmente se tornar alguma
porque essas coisas nunca funcionam
e fica feio pra você
Por exemplo eu
poderia ter resolvido te adicionar
"que cara legal"
e humilde, eu pensaria também
mas nada disso aconteceu
não deu tempo
não deu tempo por que
você se acha e se achou bem na
minha frente.
O que mais eu poderia
fazer a não ser
comentar com o meu bem amado
sobre você
assoprando
a boca da garrafa?

(eu não deveria mas
estou
escrevendo um texto de maldizer
sobre um cara
que eu mal conheço
que eu vi uma vez
- principalmente nessas ordens
cujas regras eu não faço ideia e
também não to com saco
pra pesquisar agora -
mas por meio deste
deixo claro aqui, aos
futuros aspirantes a
músicos de
bandas não tão conhecidas:
aquele assopro
de garrafa foi
crucial)