terça-feira, 17 de dezembro de 2013

 As vezes a vida nos dá pequenos fragmentos que nos fazem lembrar o quão vasto, gigante, infinito é o que há dentro de cada pessoa. Isso aconteceu agora, quando li uma poesia do meu avô compartilhada pela minha tia e parei pra pensar no quanto existe em cada um deles e eu desconheço.
Queria conhecer mais de tantas pessoas queridas - sentimentos e histórias e memórias - porque a vastidão que existe é incompreensível e inalcançável para quem está por fora e isso é o que faz as coisas serem extraordinárias, ainda que misteriosas, e terem um sentido. Aquele sentido.
 Parece um desperdício o pouco que conheço de alguns, mal sabem o quanto são importantes pra mim e como, ao menos daqui dos meus olhos e coração, cada pedaço de tudo é tão surpreendente. Não tenho intenção de fazer um texto bom ou bem elaborado, ainda mais em prantos, mas queria registrar esse meu pensamento/sentimento forte que agora veio à tona.
 Gostaria de me doar mais e ouvir mais, perguntar mais, ser e observar quando são. Absorver o belo que há e todo aquele mutirão de sentimentos que advem de cada íntimo. Eu tenho tantos. Que isso sempre me lembre de valorizar o que há de mais intenso em cada um, me lembre de ser eu mesma e deixar meus sentimentos reais fluírem sem travas ou grandes censuras. Que consigamos ultrapassar os limites físicos do socialmente esperado e comum, porque isso é o que há de mais superficial e eu não quero dar mais disso pro mundo, mesmo.
 À vida,  à genuinidade, aos sentimentos e à mistura de tudo o que há de mais importante lá dentro de todo indivíduo. Tudo o que existe.

Numa cálida noite de verão
Em que o céu era um bloco de granito
Olhando o escuro manto do infinito
Vi trêmulo uma linda procissão

Era um desfile astral raro e bonito
Que desfilando em majestoso rito
Passou pela noturna solidão

E foi seguindo pelo espaço afora
Levando ao centro um astro que apagado
Não tinha o brilho que tivera outrora

E de repente então eu pude compreendê-las
Pois indo ao centro um astro carregado
Era o desfile um funeral de estrelas


E, como disse minha tia, me auto concedendo a licença de quotar uma pessoa que não sabe que está sendo quotada:
"Em memória dos velhos tempos de poesia, enquanto ainda há memórias. Adeus."